Saudades do meu amor, Edson Erdmann. Eu cá, em terras fluminenses, cuidando das crianças, função Erik-doente-Elena-carente, e ele lá, cuidando do trabalho em Porto Alegre, no momento, meu reino tão tão distante. Alguém tem que sustentar a vida, eu sei. Queria ele comigo o tempo todo, dividindo cada momentinho do Erik, dando suporte para a Elena enquanto eu tenho que estar internada... Mas e quem cuida "do lojinha"? Para que eu possa me afastar do trabalho, ele tem que ser full time na produtora... e com projetos fora da base Rio, não tem jeito... a gente acaba se encontrando pouco. Isso é triste, dói no fundo da alma, vai dando aquela sensação de solidão... uma saudade chata, meio revoltada...
Quero misturar mais. Dividir mais, nem tão lá nem tá cá. Nem sempre é possível, tem horas que a gente tem que se dividir para depois poder somar, e isso também é parceria, casamento... um cuida do leme, outro rema desesperado, um tira a água do convés, enquanto outro estuda o mapa... Enjoada de tanto mar, tanto sal, quero ver a margem do outro lado... terra firme onde a gente se encontre e possa lamber nossas feridas.
Sei que muita gente passa por isso na situação de um filho doente... ter que administrar os outros filhos, a casa, o casamento e ainda manter as finanças em dia... Hoje paguei contas que venciam dia 05, todas atrasadas. Claro, era para eu estar de volta até o dia 05, mas acabei prorrogando a internação do Erik por causa da dosagem do MTX, como expliquei no post passado. Foram 7 dias internada, quando a previsão inicial eram 3 dias...
Acaba que todo mundo sofre. Eu, ele, as crianças. Felizmente, contamos um com o outro, é uma parceria sólida, honesta, disponível, sei que é prá vida toda, pro que der e vier. Sabemos das escolhas que fizemos, das dificuldades que teríamos que enfrentar. Sabíamos que teríamos que encarar eventuais distâncias. Mas que droga, tem horas que é tão difícil! Tão difícil ser consciente e maduro o tempo todo...
Ando com tanta peninha da Elena, minha filhota, princesa, boneca... ela está super-hiper-carente. Ao me ver ontem, primeiro euforia, em seguida choradeira. Toda tristonha, problemas na escola... Neste final de semana que passou, o Edson teve que ir para Porto Alegre, e eu tive que ficar internada. Felizmente, minha mãe e minha irmã, Bia (ainda de luto, tudo tão recente...), estavam no Rio. Fiquei triste por não ter podido estar com elas, mas por outro lado, grata por elas estarem com a Elena, caso contrário, como seria?! Ela ficaria entre a babá, o dindo Alemão, a dinda Gilza... que são maravilhosos, gente com quem eu conto feliz, carinhosos e disponíveis, mas... que não substitui o colinho de mamãe, né? Ela foi para a praia com a Bia no domingo, passaram a tarde juntas e adivinhem só... pediu para chamar ela de mãe! Fiquei prá morrer. Não por ciúmes, me entendam, mas por dó, de perceber o quanto ela sente minha falta, falta do carinho de mãe... Que que eu posso fazer? Como fazer mais do que eu estou fazendo? Queria me rasgar em duas, para atender os dois. Não, em três, para também poder estar com o meu maridinho... não, em quatro, para também poder dividir com ele o trabalho, adoro trabalhar! Sou mais feliz e bem humorada trabalhando! Na verdade, queria ser cinco, pois uma cuidaria de si mesma: iria aos próprios médicos, caminharia na praia, tomaria um chope no final da tarde com os amigos, faria academia, yoga, cuidaria da horta, gerenciaria a reforma da casa que parou, leria mais, que me faz muita falta um bom livro, iria ao cinema, faria um novo curso de roteiro - não, talvez um de poesia com o Ferreira Gullar na Casa do Saber, o que eu ia adorar, tipo assim madame no meio da tarde, iria à praia para ficar estendida na areia "quarando", cheia de preguiça até para ler jornal e claro, dormiria uma tarde inteira, sem se preocupar com NENHUM compromisso. Ah, desculpa amiga Danielle, iria ao salão, que minhas sobrancelhas já viraram taturanas, e não faço as unhas há mais de seis meses...! Um shopping-cinema-restaurante também vinha bem. Mas essa vida ficou prá trás... E lamentá-la é perder tempo... tempo de ser feliz com o que tenho, com o que posso. Pois "a vida é cheia de possibilidades", já diria o anão do Game of Thrones, mesmo depois de dilacerado, perseguido, acusado, enganado, rejeitado, afogado e ressuscitado.
Conheci muitas amigas maravilhosas que tinham irmãs/irmãos especiais. Essa é uma parte da história - a de ser irmão - que é muito complicada, mas que também transforma a criança para sempre, a torna diferente. Em geral, a torna melhor. Foi o que aconteceu com essas amigas admiráveis de que eu me lembro e que sempre me marcaram muito. A doença do Erik está nos tocando e transformando a todos, e certamente está tocando a Elena muito profundamente, transformando a vidinha dela de princesa, obrigando a amadurecer. É a história dela também.
Que tudo isso só nos fortaleça e nos faça melhores. Tenho certeza que fará. E, Edson, amor da minha vida para todo o sempre, minha resposta é "SIM!". Mas quero tempo para poder escolher um vestido de noiva bem bonito, tá? E preciso emagrecer para caber nele. E tá difícil não comer chocolate quando estou internada... E antes que penses diferente: EU TE AMO e sim, tu existes, graças à Deus. Se não, o que seria de mim?
tb te amo, meu amor! sim,sim, e sim!
ResponderExcluirBom Dia, querida! Meu amanhecer ficou mais emoção e carinho, ao ler isso. Beijoos! E como eu já disse prá mim mesma também, a tristeza tem a sua beleza, a beleza de sentir, de lutar e de colorir com amor e emoção os nossos dias!!Beijão prá vocês!
ResponderExcluirOlá,Valéria!Bom dia!Não a conheço pessoalmente,mas admiro muito!Você é especial!Tenho certeza que esta "tempestade" vai passar e Deus vai recompensá-la pela fé,força e determinação!Deus a abençoe sempre!Abraço carinhoso pra você,Erik,Elena e Edson.Parabéns pelo "sim"!!!
ResponderExcluirMeu Deus do ceu...que dor que sinto ao tentar me colocar por um milesimo de segundo no seu lugar.. vc e uma das pessoas mais fortes que " conheci " ... uma guerreira com o verdadeiro sentido da palavra! Peco a Deus que cure seu principe .. e cuide de vcs pra Sempre, pq vcs merecem. Torco por isso....
ResponderExcluirOLá Valéria, também não a conheço pessoalmente, mas seus relatos, toda esta experiência pela qual vc e todos os seus estão vivendo, fazem com que eu reflita sobre o que seria estar na pele do outro. Minha nossa, é muita emoção e penso que todas estas coisas não vividas, de uma vida "normal", só fazem engradecer as tuas qualidades de perseverança, energia, diante do cotidiano que se apresenta. Aqui do outro lado da telinha, compartilho das suas alegrias e tristezas e desejo que tudo possa ir bem. Com carinho. Fátima
ResponderExcluirOi Valéria, nao te conheço, mas fiquei sensibilizada nao só pelo que esta acontecendo ao Erik, mas também pela carência que esta sentindo a Elena, eu tenho duas filhas e em condições normais ( se é que existe alguma condição normal) eu já sinto a dificuldade de me dividir entre elas, pra você então... Se posso te dar uma sugestão eu abeaçaria muito ela quando pudesse e escreveria cartas pra ela ou alguém ler quando você nao pudesse esta
ResponderExcluirContinua ... É só uma idéia, sei lá me apertou o coração ouvir isso, mas toda mãe sabe coque os filhos precisam. beijao e boa sorte pra vocês todos!!!!!!
ResponderExcluirValeria não te conheço
ResponderExcluiralias to conhecendo agora a história de vcs
to te admirando muito
e queria te dizer que é lindo teu amor por tua familia
e é lindo o amor do Erdman por vcs
e sei q o Blog é do Erik mas queria te falar que te entendo mas tbm queria t dizer que vc tem chance, portanto lute sim seja feliz apaixonada como és por teue amor e tua familia
a vitória vira!
e olha quem fala aqui é uma mãe q lutou muito pela vida dos filhos mas que infelismente foram levados não era leucemia era genética não tinha tratamento mas eu lutei até o fim e meus filhos viveram além da espectativa confirmado por os médicos por causa do imenso amor que eu tinha e tenho por eles, e então força querida continue! sei quee não precisa, mas se precisar terei imenso prazer em oferecer meu ombro, ah "mucopolissacaridose 3 São Felipo B" esta é a doença rara e fatal q levou mus filhos com 14 anos de idade, mas vcs..vcs vão vencer! fik com Deus um tremnado abração para toda a familia